quarta-feira, 8 de julho de 2009

Um olhar económico

Como viver em Angoche?


A cidade de Angoche(1) atravessa uma crise económica sem precedentes, depois de passado por períodos de prosperidade, praticamente, desde os meados do século XX até aos primeiros dez anos de independência.

O encerramento das principais unidades industriais – as três fábricas de processamento de caju, a fábrica de descasque de arroz, as duas empresas de pesca industrial, a empresa madeireira e uma salineira – transformou Angoche numa cidade estéril, abandonada à sua sorte. De “Angoche industrial” restam escombros e memórias nostálgicas de um passado áureo.

A crise industrial arrasta consigo a rede comercial que se reduza a pouquíssimos grossistas e pequenas mercearias, um talho e duas padarias. Milhares de Angocheanos estão condenados ao desemprego e à pobreza, gerindo os parcos recursos que retiram das machambas e do mar ou empenhando-se em pequenos negócios de carpintaria, alfaiataria e mecânica.

Dada a escassez de terra arável, a indisponibilidade de tecnologias, a inacessibilidade das

instituições de crédito e as limitações do mercado agrícola, a pesca artesanal é a grande alternativa para os angocheanos, na sua maioria associados em pequenas embarcações familiares e integrados numa ampla rede de pescadores, puxadores de rede, fumadores de peixe, secadores, transportadores, intermediários e revendedores. Contudo, a pesca artesanal enfrenta dois constrangimentos muito sérios: as dificuldades de acesso ao crédito e a prepotência dos pescadores industriais que impunemente assaltam as áreas reservadas à pesca artesanal e destroem as espécies.

Actualmente os mercados encontram-se vazios, os pequenos revendedores adquirem os seus produtos em Nampula e vendem a alto custo. A população fustigada por isto, abandona o Distrito para procurar as melhores condições na cidade capital. Em suma, com esta crise Mundial, como sobreviver num mundo destes ?


(1) A cidade de Angoche situa-se no litoral-norte da província de Nampula.

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