terça-feira, 12 de maio de 2009

A ORIGEM DO NOME “ INGÚRI ”

Não sou o conhecedor das realidades, mas tenho uma curiosidade. Dizem que os dizeres populares são indispensáveis para modelar os valores da sociedade. Acredito que estes podem transformar crenças em princípios da verdade, assim como mostrar o potencial mitológico, na interpretação dos factos.

Se me permitem debruçar sobre a origem do nome INGÚRI, gostaria, em princípio transformar as crenças em ciência. Aliás, se não existe nenhum outro argumento para explicar a origem deste nome, então vamos aceitar o que nos é trazido pela transmissão oral.

Já que os mais velhos jogam um papel importante na reconstrução histórica, aproveito esclarecer as minhas dúvidas aproximando-os. Nas conversas que muitos jovens ignoram, vou buscar os meus pobres argumentos, inspirando-me nas ideias velhas para explicar o sentido etimológico do nome INGÚRI.

Contam eles, nos momentos eufóricos, que a palavra INGÚRI provém de uma grande árvore que na língua local se designava N’curi. A mesma era usada para os exorcismos e ordálios locais, na tentativa de criar uma mediação entre os preceitos da vida e o divino. É neste ponto onde decorriam as cerimónias, em caso de uma pandemia na comunidade. Pois, os líderes das comunidades circunvizinhas se reuniam, anualmente, em torno desta árvore para fazer o pedido de chuvas, cura das doenças, libertação de maus espíritos e a purificação das almas.

Ao longo do tempo, principalmente com a colonização portuguesa, o N’curi, nome de uma árvore teve que se assimilar para INGÚRI. Hoje o nome passou a designar o bairro mais populoso do Distrito de Angoche.

Recordar-vos, mais uma vez, que a nomenclatura dos nomes africanos não obedeceu um critério formal das realidades convincentes. Porém, foi a interpretação do colonizador, dententor do poder, que os nomes sofreram uma transformação fonética para se adequarem as pronúncias lusas.

Nem tudo é verdade, mas salientar que os nossos saberes orais nos levam aos horizontes científicos e os mais velhos devem servir de uma enciclopédia natural. Não de toda a ciência, mas de alguns factos para explicar a realidade quotidiana.

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